quarta-feira, 4 de maio de 2011

PASTOR OU PROFISSIONAL DA PALAVRA



Texto: II TM 4.2 - “...PREGA A PALAVRA, INSTA A TEMPO E FORA DE TEMPO, ADMOESTA, REPREENDE, EXORTA, COM TODA LONGANIMIDADE E ENSINO.
3 - PORQUE VIRÁ TEMPO EM QUE NÃO SUPORTARÃO A SÃ DOUTRINA; MAS, TENDO GRANDE DESEJO DE OUVIR COISAS AGRADÁVEIS, AJUNTARÃO PARA SI MESTRES SEGUNDO OS SEUS PRÓPRIOS DESEJOS,
4 - E NÃO SÓ DESVIARÃO OS OUVIDOS DA VERDADE, MAS SE VOLTARÃO ÀS FÁBULAS.
5 - TU, PORÉM, SÊ SÓBRIO EM TUDO, SOFRE AS AFLIÇÕES, FAZE A OBRA DE UM EVANGELISTA, CUMPRE O TEU MINISTÉRIO”.


Se a afirmação é “Pastor”, ou seja, que a profissão que exercem é a de “Pastor”, causa-nos certa decepção. Quando temos oportunidade de conversar com esses colegas mais próximos, sugerimos que a resposta correta seria: “autônomo” em vez de “Pastor”. É evidente que nem todos concordam.

Mas a resposta dada não é o problema s ser abordado. O ponto está mais além e é muito mais complexo. Preliminarmente que definir o conceito de um Pastor e o de um Profissional da Palavra
Por Pastor se entende:
ü      um ministério,
ü      um serviço dedicado ao Reino,
ü      alguém que exerce o dom do Espírito Santo no cuidado de um rebanho de acordo com as normas contidas nas Escrituras;
ü      um trabalho que não visa a promoção pessoal e nem o lucro, embora dele retire o seu sustento;
ü      trata-se de um Ministro do Evangelho

   Por Profissional da Palavra se entende:
ü  alguém que luta por uma carreira bem sucedida;
ü  que se estabelece pelo reconhecimento vindo de outras pessoas;
ü  que busca um progresso pessoal;
ü que exige resultados mensuráveis cujo corolário é a recompensa que surge por meio de altos ganhos;
ü  que busca uma boa segurança quando a velhice chegar. 

Não há nenhum problema em ser um bom profissional em qualquer área da vida.
A questão é quando o ministério pastoral se profissionaliza. Isso, sim, trás prejuízos à Igreja e ao propósito de Deus quanto ao amparo e, até mesmo, a proteção do povo de Deus.
O trabalho pastoral deve ser visto:
*      como um ministério;
*      trata-se de um servo que preside,
*      de um pai que cuida,
*      de um mestre que doutrina
*      de um médico que trata.

Resumindo, o Pastor é aquele que dá a vida pelo rebanho e o vivifica pelo poder de Deus. 

Já o Profissional da Palavra:
*      é aquele que não se dedica mais ao propósito principal no qual fora vocacionado;
*      ele passa a não mais se importar com a simplicidade do ministério;
*      sente necessidade de se perceber confortável e seguro de si e por si mesmo;
*      não importa-se os prejuízos que isso possa causar à Igreja;
*      busca um futuro previsível;
*      um presente que satisfaça os desejos egoístas;
*      a visão que possui passa a ser regida pelo humanismo;
*      sente a necessidade de ser notado por aqueles que deslumbram o seu aparente sucesso;
*      é político habilidoso em seus interesses. Ou seja, são Pastores que pastoreiam a si mesmo, todo o seu esforço é direcionado aos interesses pessoais. 

Não tenho dúvidas que tudo isso causa dor e frustração no meio do rebanho que definha moribundo e desorientado, principalmente quando percebe que o alvo de seu líder espiritual não é mais as ovelhas, mas, sim, o próprio “ego” enquanto fingem pastorear. 

Nessa altura surge uma pergunta: como podemos detectar alguém deixou de ser um ministro do Evangelho e passou a ser um Executivo Eclesiástico?

Como resposta, proponho quatro características que são facilmente percebidas nesse tipo de gente: 
1.      O Profissional da Palavra é raso no ensino bíblico. Este é um ponto extremamente nocivo à Igreja com conseqüências desastrosas, não possui a menor preocupação em se debruçar sobre livros, comentários ou literatura que possam auxiliar no preparo dos sermões. Não há estudo sério da Palavra, não há compromisso com a Verdade. Tais homens acreditam que podem ir ao púlpito toda a semana e falar o que lhe vem na mente naquele momento, sem se preocuparem com o fortalecimento do rebanho contra o pecado. A tônica é sempre humanista e tolerante sem que haja a denúncia contra o erro ou contra o mundanismo. Isso porque o Profissional da Palavra teme ser confrontado e por essa razão sempre quer estar de bem com todos, principalmente com os crentes influentes do meio, principalmente com seus eleitores.

2.                    O Profissional da Palavra não se envolve pessoalmente com as ovelhas. Todos sabem que o pastoreio não se restringe aos principais cultos de domingo. Nenhum ministro de Deus se furta do envolvimento pessoal com o povo por meio do discipulado ou do aconselhamento, não leva em conta este importante cuidado individual. Não cultiva o hábito do pastoreio direto, do acompanhamento pessoal por intermédio das visitas em casa ou no trabalho em horário de folga, dos aconselhamentos, dos contatos por carta ou pela Internet (embora o relacionamento presencial seja insubstituível). Para ele tudo isso é perda de tempo. Por vezes a ovelha está necessitando de uma palavra orientadora, mas só consegue ser ouvido quando procura o psicanalista ou o líder de outra denominação mais próxima de si cuja teologia é, muitas vezes, questionável. São casais que vivem sob forte crise, relacionamentos desgastados entre filhos e pais, desempregos que desesperam o coração, enfermidades que atemorizam. São pessoas que gritam em silêncio sem, contudo, obter eco do seu clamor. O Pastor que possuem só pode vê-las aos domingos na porta da Igreja ao final do culto e que se limita em dizer a mesma frase por anos a fio: “como vai? Que tenhas uma semana abençoada”. Nada mais que isso. Essas pobres ovelhas nunca serão encorajadas a seguir em frente, nunca serão visitadas, nunca serão aconselhadas, nunca receberão uma mão amiga e confiável. Ou seja, nunca experimentarão o que é ser pastoreada, pois não possuem líderes amigos. Esses tais são apenas meros Profissional da Palavra

3.      O Profissional da Palavra só se preocupa consigo mesmo. Personalismo parece ser a palavra de ordem em alguns centros evangélicos. São pessoas que passam a vida lutando por um espaço na mídia. O resultado é o desperdício utilizado nas campanhas inócuas ou programas vazios que nada dizem além de discursos de auto-ajuda. Mas esse desejo não se restringe aos grandes eventos ou aos grandes espaços continentais. Há também aqueles que desejam fama em seu pequeno universo. Pode ser um nível nacional, uma pequena distrital ou até mesmo uma igreja local. O alvo é a bajulação que surge de uma pretensa espiritualidade ou de uma suposta inteligência respaldada por títulos e certificados alcançados. Não importa a causa, o importante é o estrelismo. É por isso que muitos Profissionais da Palavra se preocupam com o crescimento numérico de seu rebanho em detrimento da qualidade, embora haja também os que se conformaram com o número reduzido do rebanho. Nesses casos, geralmente, a fama e o prestígio possuem outra fonte que não é a Igreja. Outra preocupação deles é a sua renda mensal, o seu ganho financeiro. Sempre defenderão cinicamente seus bolsos sem, portanto, merecerem o que pleiteiam ganhar. Buscam apenas os seus direitos em detrimento dos legítimos direitos das ovelhas extorquidas. A meta é ter um emprego-Igreja bem remunerado que lhe conceda estabilidade financeira. 

4.      O Profissional da Palavra não é um homem de Deus. Isso significa a ausência de uma dependência total do Senhor na vida por meio do temor, da Palavra e da oração. São pessoas que confiam em si mesmas e não se importam em buscar de Deus a direção certa. Não sentem falta nenhuma de expressar a submissão ao Espírito que o próprio Jesus demonstrou quando esteve aqui nessa terra. Não são homens de oração, não são homens da Palavra, não são homens piedosos. Nunca possuem uma vida devocional particular, nunca gemem por causa do pecado, nunca se importam com a vontade de Deus. Sempre agem friamente e com extrema impassibilidade diante de tudo que promove uma vida espiritual compromissada. Na maioria das vezes são irônicos ou cínicos no que dizem ou falam com respeito à piedade. Não obstante a capa de aparente mansidão, sempre agem despoticamente para que prevaleça a sua vontade. São vazios do poder de Deus, são como penhas que não podem alimentar ou fortalecer as ovelhas. 

Para mim, ser o Profissional da Palavra nada tem a ver com tempo integral ou parcial no Ministério. O Ministro pode retirar o seu sustento de um trabalho que não esteja ligado à sua igreja. Todavia, tal trabalho não pode comprometer o tempo de qualidade pertencente ao rebanho quanto ao preparo do sermão e quanto ao envolvimento pessoal. Entre um e outro, o Pastorado é prioridade. Se um dos dois deve ser descartado ou penalizado, que seja o trabalho secular.

Muitas Igrejas sofrem da miséria espiritual porque estão debaixo de um Profissional da Palavra que há muito deixou de ser um Ministro de Deus. Vale ressaltar que essa mutação pecaminosa não acontece da noite para o dia, ela ocorre ao decorrer dos anos quando aquilo que causava espanto, preocupação ou interesse transforma-se em total irrelevância. O que era importante passa a ser desprezado totalmente. 
Que Deus nos livre dos Profissionais da Palavra que sufocam as Igrejas até o seu extermínio. Que haja entre nós Ministros sinceros e cônscios de que escolheram um excelente, sublime e perene trabalho conforme nos disse o Apóstolo Paulo.



                                             Pr. Josival Souza de Oliveira



                           Qual a resposta de um “Pastor”, quando indagado sobre sua profissão?

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